«Por "Pilhas" eram conhecidos os volframistas que demandavam a serra sem contrato nem projecto definido. Pilhavam pela certa ou ao acaso, consoante a experiência, a audácia e também a sorte. Tanto podiam demorar-se na serra alguns meses, como apenas alguns dias. Dormiam onde calhava, abrigados por uma pedra maior ou em barracos improvisados, sem segurança nem higiene.
Invadiam as zonas mineiras no início da Primavera e demoravam-se até ao fim do Verão, se a sorte fosse ajudando. No Outono e Inverno regressavam às terras de origem, porque a chuva, o frio e a neve não permitiam que lá ficassem por mais tempo.
Havia, no entanto, vários tipos de "Pilhas": Aqueles que a coberto da noite, ou das reentrâncias da montanha, em pleno dia, procuravam volfrâmio nos afloramentos de superfície, dentro das concessões, mas sem autorização do concessionário; Os aventureiros que cavavam aqui e ali, fora das zonas concessionadas, na esperança de encontrar o ouro negro que lhe permitiria fazer uma pequena fortuna, para voltar depressa daquelas paragens inóspitas, onde não havia lei nem segurança para pessoas e bens; Os desempregados famintos ou agricultores miseráveis que chegavam à região mineira, levando na sacola couver e broa, a pedir emprego às empresas mineiras. Poré, não lhe sendo dado emprego na Companhia podiam ser convidados por esta a pilhar nas zonas mais pobres da concessão, por sua conta e risco, sem vencimento nem outros encargos para a empresa. Comprometiam-se, no entanto, a vender à concessão todo o minério assim encontrado, pelo preço, muito baixo, que esta determinava em cada momento.»
...parte considerável dos "Pilhas" era gente jovem, de um lugar ou freguesia, que estabelecia entre si, oralmente, as regras de uma sociedade ad-hoc e partia à aventura, sem ter nada para perder e tudo para ganhar. Um pouco de sorte num dia, poodia constituir a fortuna de 5 ou 10 contos no bolso, tanto dinheiro como nunca tinham tido, o que originava quase sempre uma infinidade de desmandos.
[fonte: O Volfrâmio de Arouca (A. Vilar, C.M. Arouca)]
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